Música e etnografia em contextos políticos
Autores
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Christian Spencer Espinosa
Facultad de Ciencias Sociales y Artes, Centro de Investigación en Artes y Humanidades (CIAH), Universidad Mayor, Chile. Núcleo Milenio en Culturas Musicales y Sonoras (CMUS)
Resumo
O conceito de etnografia musical tem sido amplamente utilizado, mas pouco discutido na América Latina. Este artigo procura rever a importância desta prática através de uma revisão do seu valor como estratégia de recolha de informação em contextos políticos. Meu objetivo é destacar sua complexidade metodológica em tempos de crise social e apontar aspectos que a diferenciam de outras formas de trabalho no campo.
O texto está dividido em duas partes. Na primeira explico o que é a etnografia e como ela difere da etnografia musical. Reviso a literatura desenvolvida sobre este tema em espanhol e classifico os textos etnográficos em cinco grupos: antropológicos, etnomusicológicos, perspectivas abertas, etnografias de caso e etnografias digital-audiovisuais.
Na segunda parte, abordo a relação entre música e conflito social, para a qual utilizo minha própria experiência de campo entre 2019 e 2021, incluindo o trabalho realizado com a banda chilena Banda Dignidade (2019-2021). Destaco o caráter único da etnografia musical de cunho político pelo uso do corpo, pelas formas de interação social que ocorrem no terreno e pela presença da efêmera música “ao vivo”. Neste último ponto, destaco aspectos que são bons de se considerar na rua, como os arranjos musicais, o sentido do ritmo no protesto, as formas de dança e a tendência à “geração” da performance. No final, descrevo alguns problemas metodológicos que aparecem no trabalho de campo político (design de pesquisa, sobrecarga de informação, etnografias “alienígenas” e mudanças sócio-históricas), encerrando com algumas palavras finais que repetem o anterior.
Palavras-chave:
etnografia musical, Banda Dignidad, conflito social, trabalho de campo, Chile
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